segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Personagens






Meus queridos, ontem conversando com minhas amigas Mônica e Etty.

Fui desafiada a escrever mais no blog. Hoje vou falar um pouco de mim.

Das muitas personagens que habitam meu universo. São várias.





Pagu

Rita Lee

Mexo,
remexo na inquisição
Só quem já morreu na fogueira
Sabe o que é ser carvão
Uh! Uh! Uh! Uh!...
Eu sou pau prá toda obra
Deus dá asas à minha cobra
Hum! Hum! Hum! Hum!
Minha força não é bruta
Não sou freira
Nem sou puta...
Porque nem!
Toda feiticeira é corcunda
Nem!Toda brasileira é bunda
Meu peito não é de silicone
Sou mais macho
Que muito homem
Nem!
Toda feiticeira é corcunda
Nem!
Toda brasileira é bunda
Meu peito não é de silicone
Sou mais macho
Que muito homem...
Ratatá! Ratatá! Ratatá!Taratá! Taratá!...
Sou rainha do meu tanque
Sou Pagu indignada no palanque
Hanhan! Ah!
Hanran!Uh! Uh!
Fama de porra louca
Tudo bem!
Minha mãe é Maria
NinguémUh! Uh!...
Não sou atriz Modelo, dançarina
Meu buraco é mais em cima
Porque nem!
Toda feiticeira é corcunda
Nem!
Toda brasileira é bunda
Meu peito não é de silicone
Sou mais macho
Que muito homem...
Nem!
Toda feiticeira é corcunda
Nem!
Toda brasileira é bunda
Meu peito não é de silicone
Sou mais macho
Que muito homem...(2x)
Ratatá!
RatatatáHiii!
Ratatá Taratá!
Taratá!...

OLHE QUE LINDO!!!

Doidas e Santas
(Martha Medeiros)

'Estou no começo do meu desespero e só vejo dois caminhos:
ou viro doida ou santa.
' São versos de Adélia Prado, retirados do poema 'A serenata'.
Ele narra a inquietude de uma mulher que imagina que mais cedo
ou mais tarde um homem virá arrebatá-la,
logo ela que está envelhecendo e está tomada pela indecisão
- não sabe como receber um novo amor não dispondo mais de juventude.
E encerra: 'De que modo vou abrir a janela, se não for doida?
Como a fecharei, se não for santa?
'Adélia é uma poeta danada de boa.
E perspicaz.
Como pode uma mulher buscar uma definição exata para si mesma
estando em plena meia-idade,
depois de já ter trilhado uma longa estrada,
onde encontrou alegrias e desilusões,
e tendo ainda mais estrada pela frente?
Se ela tiver coragem de passar por mais alegrias e desilusões
- e a gente sabe como as desilusões devastam,
terá que ser meio doida.
Se preferir se abster de emoções fortes e
apaziguar seu coração,
então a santidade é a opção.
Eu nem preciso dizer o que penso sobre isso, preciso?
Mas vamos lá.
Pra começo de conversa, não acredito que haja uma única mulher no mundo que seja santa.
Os marmanjos devem estar de cabelo em pé: como assim, e a minha mãe???
Nem ela caríssimos, nem ela.
Existe mulher cansada, que é outra coisa.
Ela deu tanto azar em suas relações que desanimou.
Ela ficou tão sem dinheiro de uns tempos pra cá que deixou de ter vaidade.
Ela perdeu tanto a fé em dias melhores que passou a se contentar com dias medíocres.
Guardou sua loucura em alguma gaveta e nem lembra mais.
Santa, mesmo, só Nossa Senhora, mas, cá entre nós,
não é uma doideira o modo como ela engravidou?
(Não se escandalize, não me mande e-mails, estou brin-can-do.)
Toda mulher é doida.
Impossível não ser.
A gente nasce com um dispositivo interno que nos informa desde cedo que,
sem amor, a vida não vale a pena ser vivida,
e dá-lhe usar nosso poder de sedução para encontrar the big one,
aquele que será inteligente, másculo, se importará com nossos sentimentos
e não nos deixará na mão jamais. Uma tarefa que dá para ocupar uma vida,
não é mesmo? Mas, além disso, temos que ser independentes,
bonitas, ter filhos e fingir de vez em quando que somos santas,
ajuizadas, responsáveis, e que nunca,
mas nunca, pensaremos em jogar tudo pro alto e embarcar num navio pirata comandado pelo Johnny Depp, ou então virar louca e cafetina,
ou sei lá, diga aí uma fantasia secreta, sua imaginação deve ser melhor que a minha.
Eu só conheço mulher louca. Pense em qualquer uma que você conhece e
me diga se ela não tem ao menos três dessas qualificações: exagerada, dramática,
verborrágica, maníaca, fantasiosa, apaixonada, delirante.
Pois então. Também é louca. E fascina a todos.
Todas as mulheres estão dispostas a abrir a janela,
não importa a idade que tenham.
Nossa insanidade tem nome: chama-se Vontade de Viver até a última gota.
Só as cansadas é que se recusam a
levantar da cadeira para ver quem está chamando lá fora. E santa, fica combinado, não existe. Uma mulher que só reze, que tenha desistido dos prazeres da inquietude,
que não deseje mais nada? Você vai concordar comigo:
só se for louca de pedra...Depois dessa, só conhecendo a poesia de délia Prado,
é maravilhosa.
A SERENATA
Uma noite de lua pálida e gerânios ele viria com boca
e mãos incríveistocar flauta no jardim.
Estou no começo do meu desesperoe só vejo dois caminhos:
ou viro doida ou santa.
Eu que rejeito e exprobro o que não for natural como sangue e
veias descubro que estou chorando todo dia,
os cabelos entristecidos, a pele assaltada de indecisão.
Quando ele vier, porque é certo que vem,
de que modo vou chegar ao balcão sem juventude?
A lua, os gerânios e ele serão os mesmos -
só a mulher entre as coisas envelhece.
De que modo vou abrir a janela, se não for doida?
Como a fecharei, se não for santa?

Adélia Prado

Um comentário:

Etiene Oliveira disse...

Parabéns Nice!
É assim que se faz! Amei as fotos e a iniciativa de escrever, mesmo que tímida no começo...
Beijocas.
Etty

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