terça-feira, 17 de março de 2009

Alma


Alma

Sueli Costa / Abel Silva

Há almas que têm as dores secretas.

As portas abertas sempre pra dor.

Há almas que têm juízo e vontade.

Alguma bondade e algum amor.

Há almas que têm espaços vazios.

Amores vadios, restos de emoção.

Há almas que têm a mais louca alegria.

Que é quase agonia, quase profissão.

A minha alma tem um corpo moreno.

Nem sempre sereno, nem sempre explosão.

Feliz esta alma que vive comigo.

Que vai onde eu sigo o meu coração.


A Lenda de Narciso

Narciso era um belo rapaz que todos os dias ia contemplar sua beleza num lago.

Era tão fascinado por si mesmo que certo dia caiu dentro do lago e morreu afogado.

No lugar onde caiu, nasceu uma flor, que chamaram de narciso.

Quando Narciso morreu, vieram as Oreiades - deusas do bosque - e viram o lago transformado,

de um lago de água doce, num cântaro de lágrimas salgadas.

- Por que você chora? - perguntaram as Oreiades.

- Choro por Narciso - respondeu o lago.

- Ah, não nos espanta que você chore por Narciso - continuaram elas.

Afinal de contas, apesar de todas nós sempre corrermos atrás dele pelo bosque,

você era o único que tinha a oportunidade de contemplar de perto sua beleza.

- Mas Narciso era belo? perguntou o lago.

- Quem mais do que você poderia saber disso?

- responderam surpresas as Oreiades.

- Afinal de contas, era em suas margens que ele se debruçava todos os dias.

O lago ficou algum tempo quieto e por fim disse:

- Eu choro por Narciso, mas jamais havia percebido que Narciso era belo.

"Choro por Narciso porque,

todas as vezes que ele se deitava sobre minhas próprias margens

eu podia ver, no fundo dos seus olhos minha própria beleza refletida."




"Quando eu te encarei

Frente a frente

Não vi o meu rosto

Chamei de mau gosto o que vi

de mau gosto o mau gosto

É que Narciso acha feio

o que não é espelho

E a mente apavora o que ainda

Não é mesmo velho

Nada do que não era antes

quando não somos mutantes"

2 comentários:

Etiene Oliveira disse...

Ai Nice, que tristeza!!! Eu também era apaixonada pela irreverência do Clodovil.Amava, quando tinha tempo, assistir " A casa é sua".Aquelas meditações profundas que ele conseguia transformar em palavras, a elegância, o humor...Enfim, aquela pessoa única que era o Clô. Derramei lágrimas, que não foram poucas e essa perda ainda é forte dentro de mim!

Minha Casa - meu corpo disse...

Vou sentir muita saudade... principalmente do som da suas Garçalhadas.

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