Minha amante Esperança
“ Em plena juventude ela tentou se matar. Despertando
no hospital deparou com uma enfermeira que a
interpelou:
-Mas por quê, por quê?
Ela respondeu, sucinta, lúcida, plena de sua própria dor:
-Sem esperança.
Todos conhecem esses dias sem horizonte à vista. A
experiência nos ensina que eles passam, a não ser que estejamos.
mos doentes ou sejamos ferrenhos pessimistas por natureza
ou formação.
Ser mais ou menos otimista depende de criação, ambiente,
disposição genética (ah, a genética da alma...), situações do momento.
Claro que ter confiança quando se está contente é fácil.
Mas não somos só nossa circunstância, somos também nossa essência.
O grande pessimista colhe todas as notícias ruins do jornal
e manda aos amigos cada manhã; acha que o ser humano não presta
mesmo, o mundo é mero palco de guerras e corrupção.
O excessivamente otimista acha que a realidade é a das
novelas e dos sonhos adolescentes, das modas, das revistas,
praia , do clube. O sensato (não o sem graça, não o chato) sabe que
o ser humano não é grande coisa, mas gosta dele; que vida é luta,
mas quer vivê-la bem; que existem - além de injustiça, traição é sofrimento – beleza e afetos e momentos de esplendor.
Que se pode confiar sem ser a toda hora traído por quem se ama.
Posso ser um pessimista essencial, por natureza ou formação
ou circunstâncias. Posso porém estar apenas deprimido.
Para sair de uma fase depressiva há mil recursos à disposição
de qualquer pessoa. Terapia, uma bela caminhada, um novo amor,
pintar o cabelo, jantar num lugar delicioso, mudar de lugar os vasos do jardim, ver o que acontece nas artes.
Ler, refletir, observar o dentro e o fora, Comprar um
cachorro, ir ao futebol, planejar uma viagem (pode ser só ate ali).
Tentar aproximar-se da arte, qualquer que seja ela.
Renovar interesses e afetos, cultivá-los.
Mas se eu curto a minha depressão ou minha visão negra
de tudo se com isso pretendo chamar a atenção dos outros ou
puni-los (ou a mim mesmo), posso optar pelo eterno descontentamento. Aos poucos ficarei segrega o
são os vitais amantes da esperança. “
PERDAS E GANHOS – LIA LUFT
“ Em plena juventude ela tentou se matar. Despertando
no hospital deparou com uma enfermeira que a
interpelou:
-Mas por quê, por quê?
Ela respondeu, sucinta, lúcida, plena de sua própria dor:
-Sem esperança.
Todos conhecem esses dias sem horizonte à vista. A
experiência nos ensina que eles passam, a não ser que estejamos.
mos doentes ou sejamos ferrenhos pessimistas por natureza
ou formação.
Ser mais ou menos otimista depende de criação, ambiente,
disposição genética (ah, a genética da alma...), situações do momento.
Claro que ter confiança quando se está contente é fácil.
Mas não somos só nossa circunstância, somos também nossa essência.
O grande pessimista colhe todas as notícias ruins do jornal
e manda aos amigos cada manhã; acha que o ser humano não presta
mesmo, o mundo é mero palco de guerras e corrupção.
O excessivamente otimista acha que a realidade é a das
novelas e dos sonhos adolescentes, das modas, das revistas,
praia , do clube. O sensato (não o sem graça, não o chato) sabe que
o ser humano não é grande coisa, mas gosta dele; que vida é luta,
mas quer vivê-la bem; que existem - além de injustiça, traição é sofrimento – beleza e afetos e momentos de esplendor.
Que se pode confiar sem ser a toda hora traído por quem se ama.
Posso ser um pessimista essencial, por natureza ou formação
ou circunstâncias. Posso porém estar apenas deprimido.
Para sair de uma fase depressiva há mil recursos à disposição
de qualquer pessoa. Terapia, uma bela caminhada, um novo amor,
pintar o cabelo, jantar num lugar delicioso, mudar de lugar os vasos do jardim, ver o que acontece nas artes.
Ler, refletir, observar o dentro e o fora, Comprar um
cachorro, ir ao futebol, planejar uma viagem (pode ser só ate ali).
Tentar aproximar-se da arte, qualquer que seja ela.
Renovar interesses e afetos, cultivá-los.
Mas se eu curto a minha depressão ou minha visão negra
de tudo se com isso pretendo chamar a atenção dos outros ou
puni-los (ou a mim mesmo), posso optar pelo eterno descontentamento. Aos poucos ficarei segrega o
são os vitais amantes da esperança. “
PERDAS E GANHOS – LIA LUFT
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