quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Com Acuçar e Com Afeto - Geléia de Jabuticaba

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Época de Férias... De casa da Vó Constança...
Tempo de jabuticaba... De Geléia... De ouvir e imaginar muitas Histórias.
A criançada chegava correndo feito bando de andorinhas...
O Jipe agarrou no atoleiro perto boqueirão...
A mãe tá toda elaminada com o Fernando nos braços.
E lá se vai o tio Tamiro com a junta de bois puxar o carro.
Quando finalmente a chuva estiava. As jabuticabas já estavam no ponto.
A avó e os netos subiam no pé de jabuticaba.
Chupavam muitas... Riam muito...
Ela contava histórias de assombração...
De escravos que arrastavam correntes...
Dizia que criança que mexe com fogo mija na cama.
Dizia prá gente não andar perto da terra de arroz...
Dentro da propriedade do senhor Modesto.
Porque ele tinha parte com o coisa ruim.
E estava chocando um filhote de capeta de baixo do sucavo.
A gente ia com a esperança de ver o filhote.
Um dia fui pescar escondido e quase fui mordida por uma cascável.
Mas dei um pulo de banda e quase raspei a cabeça da bicha.
Fiz o sinal da cruz e sai correndo.
Devia ser um dos guardas do capeta.
E claro que não falei nada.
Minha vó também gostava do pé de marmelo apesar
de não ter fruto.
Depois do almoço reunia as jabuticabas,
lavava, espremia, coava na pereira de palha,
colocava açucar e fervia.
Mexia e era só uma questão de tempo.
Enquanto esperava pegar o ponto
ela cantava lindas canções.
As minhas preferidas eram estás:

Ai eu entrei na roda... Eu entrei na roda dança
Eu não sei como se dança... Eu não sei dançar
Sete e sete são quatorze... Com mais sete vinte-e-um
Tenho sete namorados
E não gosto de nenhum.
*
Se essa rua fosse minha
Eu mandava
Eu mandava ladrilhar
Com pedrinhas
Com pedrinhas de brilhante
Só pra ver
Só pro meu amor passar

Nessa rua
Nessa rua tem um bosque
Que se chama
Que se chama solidão
Dentro dele
Dentro dele mora um anjo
Que roubou
Que roubou meu coração

Se eu roubei
Se eu roubei teu coração
Tu roubaste
Tu roubaste o meu também
Se eu roubei
Se eu roubei teu coração
Foi porque
Só porque te quero bem.

5 comentários:

Etiene Oliveira disse...

Amiga querida!
Este texto está maravilhoso! Enquanto eu lia pude sentir o sabor desta linda geléia...
Parabéns! Você conseguir passar o recado e fazer com que a gente viva com você os tempos em que “ Senhor Modesto chocava um filhote de capeta de baixo do sucavo!” Amei isto!
Beijos...♥

Etiene Oliveira disse...

Amiga querida!
Este texto está maravilhoso! Enquanto eu lia pude sentir o sabor desta linda geléia...
Parabéns! Você conseguir passar o recado e fazer com que a gente viva com você os tempos em que “ Senhor Modesto chocava um filhote de capeta de baixo do sucavo!” Amei isto!
Beijos...♥

Josy Maria disse...

que bacana!
gostei muito do texto!
(e da geléia também!) rsrsrs
beijos

Josy Maria disse...

que bacana!
gostei muito do texto!
(e da geléia também!) rsrsrsrs
beijos

Josy Maria disse...

que bacana!
gostei muito do texto!
e da geléia também! rsrsrsrs

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